Inédito: Câmara aprova criação da Bancada Negra

A Câmara dos Deputados aprovou, em votação simbólica, o projeto que cria a bancada negra. A medida, apresentada pelos deputados Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Damião Feliciano (União Brasil-PB), foi negociada pelos parlamentares negros para dar mais protagonismo às pautas raciais na Casa. Agora, o texto precisa ser promulgado pelo presidente Arthur Lira (PP-AL) para ser incluído no regimento interno.

Colégio de líderes

A proposta, relatada por Antonio Brito (PSD-BA), determina que a bancada negra terá um representante no colégio de líderes — grupo com lideranças de todos os partidos da Câmara e que decide quais projetos serão votados. Além disso, o grupo terá cinco minutos, destinado às comunicações de liderança, para falar em plenário.

A bancada será formada por parlamentares que se autodeclararam negros no registro de candidatura da eleição. O grupo terá uma coordenação geral e três vices-coordenadorias escolhidas no dia 20 de novembro de cada ano por maioria absoluta de votos.

De acordo com o projeto, existem 31 deputados federais pretos e 91 pardos na Câmara, o que corresponde somente a 24% dos 513 parlamentares.

Benedita emocionada

Emocionada, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) disse que, após ter dedicado a maior parte da sua vida à política, sente-se “recompensada”. “Eu agora tenho uma bancada, eu agora tenho uma frente que vai dar continuidade a uma luta de séculos e séculos”, afirmou.

“Nesta Casa, a questão não foi partidária e não deve ser partidária, é apenas reconhecer na maioria da população aquilo que ela tem de direito. Ela deve ter protagonismo e é o que nós iremos proporcionar através dessa frente. O protagonismo da maioria da população brasileira, sem excluir os demais”, disse Benedita.

Apenas o Partido Novo, a minoria e a oposição orientaram contra o projeto. O PL liberou a bancada para decidir sobre a proposta.

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Jucélio Almeida

Jucélio Almeida