A Justiça de São Paulo bloqueou parte da herança deixada pelo apresentador Gugu Liberato. O pedido foi feito pela defesa de Ricardo Rocha, um empresário da capital paulista que diz ser o quarto filho do apresentador.
Rocha se manifestou na Justiça depois de um acordo extrajudicial registrado em cartório pelos nove herdeiros, entre eles filhos e sobrinhos, em 16 de agosto, mesmo com uma ação em andamento.
Em 21 de agosto, Rose Miriam Di Matteo, que é mãe dos três filhos de Gugu, renunciou ao processo que pedia 50% do patrimônio e o reconhecimento de união estável. Rose e Gugu teriam constituído uma família em meados de 2000 e se conheciam desde os anos 80, quando ela trabalhou como secretário de palco o apresentador. Os dois tiveram três filhos: João Augusto e as gêmeas Sofia e Marina.
Gugu morreu em 21 de novembro de 2019, em Orlando, nos Estados Unidos, depois de sofrer uma queda em casa e bater a cabeça. Em testamento, ele se identificava como estado civil solteiro e deixou parentes e os três filhos como herdeiros, um total de nove pessoas.
A partilha do espólio entre os herdeiros foi lavrada em 16 de agosto deste ano e registrou que os três filhos receberiam cada um 25%, os herdeiros testamentários, 5%, e a mãe do apresentador, uma renda vitalícia paga pelos herdeiros.
Pediu bloqueio dos bens
No entanto, o comerciante Ricardo Rocha, que afirma ser fruto de um relacionamento que o apresentador teria tido ainda adolescente na capital paulista nos anos 1970, move uma ação de investigação de paternidade. Ele pede exame de DNA com a mãe de Gugu e os filhos.
Ao saber do acordo feito em cartório, a defesa de Rocha pediu à Justiça o bloqueio de parte do patrimônio de Gugu na proporção que caberia a ele ao fim da ação e se caso for comprovado que ele realmente é o quarto filho.
Segundo apurado pelo g1, o pedido da defesa de Ricardo citou que o inventário extrajudicial é “deslealdade processual” e poderia ocorrer a “possibilidade de evasão do patrimônio”.
O juiz da ação sobre paternidade analisou a manifestação de Ricardo e escreveu que “os herdeiros tinham plena consciência dessa ação e não poderiam ter realizado acordo extrajudicial sem proceder à necessária reserva de bens como garantia de eventual direito do autor”.
“A análise de má-fé processual será feita no julgamento”, registrou o magistrado na quarta-feira (28). O g1 procurou o advogado de Ricardo, que não quis comentar sobre o caso. O defensor das gêmeas e de Rose não emitiu posicionamento. A de João Augusto não foi localizada até a última atualização.
Quem é Ricardo Rocha
Os três filhos do apresentador foram avisados da investigação sobre o suposto filho por um oficial de Justiça assim que entraram na sala da audiência na 9ª Vara da Família em 2023.
Ricardo foi localizado pelo g1 na época. O empresário do ramo automotivo afirmou que não poderia comentar o caso, por conta do segredo de Justiça. No entanto, falou que não teve a suposta paternidade escondida pela mãe.
“Sei desde criança. Tive uma oportunidade de ir conhecê-lo quando ainda era criança, por volta dos 10 ou 12 anos, mas eu não queria. E se tornou um tabu na minha família, de não querer falar sobre esse assunto. Sou uma pessoa meio reservada. Só fiz agora [a ação na Justiça] para tirar essa dúvida. Meu problema maior não é nem financeiramente. Meu problema é tirar essa dúvida. Tem essa questão de dinheiro por trás que envolve muita coisa, mas não é o meu caso.”
“Quem nunca quis ir atrás fui eu. Pela minha família, a gente teria feito isso desde criança”, completou.
Conheceu na padaria
Ricardo nasceu em outubro de 1974. À época, a mãe trabalhava como babá em São Paulo para uma família e teria conhecido Gugu em uma padaria, quando ainda não era apresentador de TV.
“Não tenho nada é esconder. Tenho uma vida normal como qualquer outro trabalhador. Então, pra mim é diferente. Não quero confusão. Eu não quero problema com ninguém, eu só quero só fazer o DNA e comprovar. Só isso”, afirmou Ricardo.