A primeira sessão de uma Câmara Municipal logo após o resultado de um pleito eleitoral se realiza à margem de muita expectativa. Afinal, é o momento em que muitos aguardam pelos agradecimentos dos vereadores reeleitos a quem lhes prestaram apoio.
E o clima de apreensão se dá muitos mais por parte de quem aguarda do parlamentar reeleito uma mensão ao seu nome no rol daqueles que contribuíram para volta dele ao parlamento. E o reconhecimento ao esforço geralmente é comemorado como se fosse um gol numa decisão. Dai, a euforia dos correligionários no aguardo das palavras do vereador pós resultado. De modo contrário, fica a decepção dá não lembrança de alguns muitas vezes baseada no fato do reeleito ter a certeza que não vale a pena a lembrança desses alguns. Ou seja, se nada ou pouco fizeram durante a campanha, a resposta é ignorar a existência desses.
Ao se referir, por exemplo, a fala do atual presidente da Câmara e reeleito vereador Novinho de Carlão (PDT) na sessão da última terça-feira, 08, na relação dos nomes a merecer reconhecimento a ausência de algumas figuras foi o ápice da surpresa de muitos. O nome de João Estrela não fora citado.
Pessoas da família como esposa, mãe, irmãs, alguns primos, meia dúzia de amigos, foram efuzivamente lembrados e agradecidos por Novinho pela contribuição que deram à sua reeleição. Mas, ao longo de um discurso que durou exatamente 14 minutos e 01 segundo, o nome de João Estrela, presidente do diretório do PDT partido de Novinho, foi deliberadamente ausentado de suas palavras. Ou como queiram, do seu desabafo.
Ao contrário, a declaração de Novinho de Carlão de que “…no momento em que precisava ser valorizado não me valorizaram. Pessoas querendo tirar votos meus na cara dura e do próprio grupo. Tenho que dizer isso…”, deixou mais do que evidente que Novinho de Carlão nutria uma decepção incomensurável por quem imaginava contar no exato momento em que mais precisava na campanha, porém, só lhe desprezou. Pior, tentou lhe apunhalar pelas costas. A quem Novinho ele se referia? Nominar seria redundante? Está mais do que claro? Ou estaria escrito nas estrelas?
E tal convicção se ampara ainda mais em uma outra declaração: “…a tendência do eleitorado de João Estrela era votar em Assis e Johanna, de André Gadelha era votar nos candidatos do MDB e a tendência do PL votar nos candidatos do partido…Um lider queria eleger candidatos de um partido, outro líder queria eleger candidatos do seu partido. E onde ficou Novinho de Carlão? Numa situação complicada?”.
Ao término do seu desabafo, Novinho de Carlão cita o vereador não reeleito Assis Estrela (PDT) com o carinho e o respeito a quem tem a um pai: “…Eu prometi a você que ia me licenciar para você assumir uma cadeira nesta Casa. Em 2025 você vai ser vereador nesta Casa…Porque eu sou homem, sou de grupo, não sou individualista… Porque agora vou repensar a minha vida pública”. E concluiu: “…Vou repensar atitudes que tomei e que não deveria ter tomado”.
“Nunca deixe suas prioridades para dar prioridades à dos outros, um dia você vai se arrepender e não terá como refazer as coisas… Ao fim, apenas torça para que o estrago tenha sido de menos”. (Mércio Franklin).
Seria o caso de Novinho de Carlão? Venceu as eleiões, mas à base de um rastro de decepções a ponto de sequer desejar assumir o mandato?
Íntegra do discurso de Novinho de Carlão