O clima entre a torcida do Botafogo e o treinador português Bruno Lage, que foi demitido do clube nesta terça-feira, desandou após o empate em 1 a 1 com o Goiás no Estádio Nilton Santos. Das arquibancadas, o técnico ouviu gritos de burro e ofensas, principalmente, por ter colocado o artilheiro do Campeonato Brasileiro, Tiquinho Soares, no banco de reservas.
A saída de Tiquinho foi só a gasolina jogada em uma fogueira que já vinha acesa entre os torcedores. Muitos colocam na conta de Lage o mau momento, especificamente pelas mudanças na equipe que vinha em ótima fase.
Quando chegou ao time, no dia 12 de julho, o treinador pegou uma equipe que tinha 10 pontos de vantagem sobre o segundo colocado e vinha de uma sequência de sete vitórias e dois empates. A promessa, na apresentação, foi de uma transição pacífica em relação ao que era feito antes.
“Nós temos feito uma análise muito cuidadosa da equipe e de como conseguir os resultados. O objetivo é fazer uma transição muito pacífica. Independentemente de quem possa ter os méritos, o importante é o Botafogo ser campeão no fim do ano. Se os méritos forem do Luís ou do Bruno, é indiferente. O importante é o Botafogo estar no topo e o torcedor, no fim, estar feliz com um título”, afirmou o técnico na coletiva de apresentação.
O que foi visto em campo, especialmente na atual sequência de cinco jogos sem vencer, com apenas a 16ª campanha do returno, mas sete pontos de vantagem na ponta, foram muitas mudanças. Seja em forma de jogar ou de escalação de jogadores. Colocar Tiquinho no banco foi apenas o caso mais recente.
Os atritos com a torcida começaram com a opção de usar o time reserva na Copa Sul-Americana, custando uma eliminação para o Defensa y Justicia. Na partida de ida, Lage testou pela primeira vez a escalação com Tchê Tchê atuando na meia-direita e JP na lateral.
Sem Tiquinho Soares, lesionado, o treinador optou por usar Eduardo como falso 9 contra o Internacional, algo que Luís Castro já havia feito. A formação inicial não deu certo. Após colocar Janderson, um centroavante de ofício, no intervalo o time cresceu de produção e buscou a virada.
A opção de iniciar o clássico contra o Flamengo com JP na lateral-direita piorou o clima, especialmente após Bruno Henrique marcar o gol da virada em cima do jovem jogador. O clássico foi apenas o sexto jogo como titular da carreira do camisa 37, o segundo com o time titular.
Em meio ao mau momento de quatro jogos sem vencer, a notícia da opção por Tiquinho Soares no banco e Tchê Tchê na lateral contra o Goiás gerou desconfiança. O clima piorou depois de o time sair atrás no primeiro tempo e buscar o empate justamente após a entrada do camisa 9, autor do gol.
Após a demissão de Lage, o Botafogo volta a campo no domingo (08), às 16h, para enfrentar o Fluminense no Maracanã. A equipe segue na liderança do Campeonato Brasileiro com sete pontos de vantagem sobre o vice-líder, atualmente o Bragantino.