Entrevista: Luciano Cartaxo descarta aliança do PT com Cícero Lucena e reforça intenção de se candidatar a prefeito em 2024

Luciano Cartaxo é um dos principais nomes do PT e da esquerda na Paraíba. O político natural de Sousa, sertão paraibano, começou a sua carreira Universidade, quando foi eleito coordenador do Centro Acadêmico (CA) de Farmácia da UFPB e secretário geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

A sua primeira eleição foi em 1996 quando se tornou Vereador da capital, cargo no qual conseguiu ser reeleito por mais três mandatos. Em 2006 foi candidato a Vice-Governador na chapa do saudoso José Maranhão, que acabou sendo derrotada, mas tomou posse após a cassação de Cássio Cunha Lima em 2009.

Na eleição de 2010 foi eleito Deputado Estadual pela primeira vez ao atingir 24.296 votos. Apoiado por Lula e Dilma decidiu sair candidato a Prefeito da capital em 2012, vencendo uma eleição disputadíssima que contava com a candidata apoiada pelo Governador, Estela Bezerra e dois ex-Governadores, José Maranhão e Cícero Lucena.

Essa eleição foi a primeira grande vitória do PT no estado, mas a sua saída para o PSD em 2015 causou polêmica entre os militantes do partido. Após ser reeleito em 2016, na época filiado ao PV, Cartaxo voltou a legenda do Presidente Lula no final de 2021, se elegendo Deputado Estadual nas últimas eleições.

Nessa entrevista exclusiva, ao jornalista Vitor Azevedo, o Deputado tece criticas a gestão Cícero Lucena, reafirma que o PT terá candidato próprio na capital e manifesta o desejo de ser candidato a Prefeito em 2024.

Avaliação da gestão Cícero?

“A gestão está frustrando expectativas. Cícero tem se mostrado um prefeito que faz más escolhas. Escolheu abandonar a saúde e a educação para botar centenas de milhões de reais no alargamento da faixa de areia em toda a orla de João Pessoa.

E eu não digo que ele abandonou só a saúde. A mídia fala muito da saúde, mas Cícero também abandonou a educação. Se jogar luz na educação vai se descobrir queda na qualidade da merenda, atraso na entrega de fardamentos, escolas em tempo integral desativadas, quando não estão abandonadas, reformas atrasadas e nenhuma, repito, nenhuma escola nova ou creche nova. Fora, claro, tudo que já se sabe de péssimo na saúde: falta de medicamentos, postos de saúde sucateados, queda brutal na qualidade do atendimento, filas enormes nas UPAs e hospitais.

No transporte público também vemos problemas. Cadê os ônibus novos, com wi-fi e ar-condicionado prometidos na campanha? Nosso Centro Histórico está abandonado, o Parque da Lagoa se deteriorando. Na habitação não vemos nenhuma nova moradia além das que eu já havia deixado encaminhadas quando prefeito. Nenhuma inovação positiva. Só a invencionice de botar areia onde já tem para agradar especuladores do mercado imobiliário.

Em resumo: as escolhas de Cícero são péssimas para maior parte da população, maior prova está no alargamento da orla para fazer especulação imobiliária. Isso não vem de nenhuma demanda popular. É uma péssima ação para a totalidade do povo de João Pessoa”.

Visão do governo de João Azevêdo:

“O Governador João votou no Presidente Lula no 1° e 2° Turno, então o voto em João foi um caminho natural para nosso campo político, campo este do qual Cícero definitivamente não faz parte, é preciso lembrar”.

Saída do PT em 2015, sob criticas de ter deixado o partido em momento de fragilização da legenda. Teria se arrependido. Faria diferente?

 “Iniciei minha vida política no PT, partido que tenho identidade e sintonia. Fato é que desde sempre estive no campo progressista. Votei em Lula e o apoiei em todas as seis eleições que ele disputou nos últimos 34 anos. E votei as duas vezes na presidenta Dilma. É o partido que militei a minha vida toda, retornei em um momento difícil para o partido, em uma eleição histórica e polarizada. Fui convidado e muito bem recebido pelo partido, ao qual tenho ótimas relações”.

Embora informe ser candidato em 2024,ainda assim defende uma realização de uma prévia dentro do PT?

“A democracia interna do PT é histórica e é permanente. Seja por meio do debate político, seja por eleição interna, a escolha do representante do nosso partido se dará democraticamente. Sou eterno defensor do diálogo”.

PT tem duas alas distintas na defesa de uma candidatura a prefeito em 2024. Jackson Macedo, presidente do partido defende a reeleição de Cícero. Outra ala defende seu nome. O Deputado acredita que possa existir a aliança com Cicero em primeiro turno ou o PT tem que ter um candidato?

“Cícero sempre teve um lado na política e seu lado nunca foi o lado progressista. Cícero nunca demonstrou apoio ao presidente Lula e sempre esteve no lado contrário daquilo que defende o PT. O maior sinal disso é a sua gestão, que não tem foco na melhoria da qualidade de vida do povo.

Cícero não tem identidade com aquilo que defende o partido. Além do mais o diretório nacional tem reforçado que onde houver candidaturas competitivas o PT lançará candidatura própria, o que nos deixa muito animados. Sobretudo pelo trabalho reconhecido que temos em João Pessoa quando estivemos a frente da Prefeitura. Está no desejo da militância oferecer um nome forte e que represente as bandeiras do partido. Ou seja, não há qualquer sentido no apoio a Cícero. Primeiro porque ele não representa as bandeiras do nosso partido, não tem sintonia com o PT, além do que temos nomes competitivos nos quadros do partido para que tenhamos candidatura própria”.

Blog Jucélio Almeida c/ Polêmica PB

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Jucélio Almeida

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