Sousa: Os embates e os personagens que marcaram a história das últimas campanhas para prefeito

Eis aqui a narrativa das últimas sete campanhas eleitorais para prefeito de Sousa com início no ano eleitoral de 1992 até a reeleição do atual prefeito Fábio Tyrone em 2020. Disputas acirradas, reviravoltas, diferença de votos histórica, personagens coadjuvantes e protagonistas marcaram as recentes eleições para prefeito da “Terra dos Dinossauros”.

Ano de 1992

O pleito de 1992 tinha como principais nomes um vereador de primeiro mandato, o deputado Estadual mais votado da Paraíba e um estreante famoso na cidade.

Francisco Veras Pinto de Oliveira, mais conhecido pelo apelido de Dedé Veras, havia sido o vereador mais votado no pleito de 1988 e apareceu como candidato a Prefeito em sua segunda eleição. Mas, os dois candidatos que polarizavam o pleito eram o estreante em disputas majoritárias, Mauro Abrantes Sobrinho (Mazrizinho), e o Deputado Estadual Deusdete Queiroga Filho, atual secretário de Infraestrutura do Governo do Estado.

Marizinho era um médico bastante conhecido na cidade, tendo sido Presidente do Riachão Campestre Clube, o clube social mais famoso de Sousa. Esses predicados o levaram a sair candidato pelo MDB, apoiado pelo Prefeito João Estrela. Deusdete havia se tornado Deputado em sua primeira eleição, sendo o mais votado de toda a Paraíba com mais de 23 mil votos, o que o colocava como um nome atrativo à sucessão de Prefeito.

Mas a força do grupo de Estrela foi preponderante e Marizinho foi eleito com 18.856 (53.81%) dos votos, contra 14.091 (40,21%) de Deusdete.

Ano de 2000

Naquele ano a cidade tinha como principais nomes, o atual Prefeito, João Estrela, seu adversário no pleito anterior, Lúcio Matos, e um representante dos Gadelhas, Salomão Gadelha (in memoriam). Correndo por fora, o Doutor Pepé (in memoriam).

Lúcio e João são remanescentes da eleição de 1996. A novidade era Salomão Salomão Gadelha vindo de uma disputada a uma vaga na Câmara Federal em 1986 e 1990, tendo como melhor colocação, a segunda suplência do PFL em 86.

Amparado pela força dos irmãos Marcondes, Doca e Renato Gadelha, Salomão se colocava como o principal desafiante à reeleição de João Estrela, mesmo com o apoio do governador José Maranhão a candidatura de Lúcio Matos.

Mas, para aqueles que esperavam uma eleição polarizada entre Salomão e Estrela, viu uma rara equiparação tripla, decidida nos mínimos detalhes.

João foi reeleito ao atingir 12.040 (39,56%) dos votos, versus 9.566 (31,43%), de Salomão e 7.403 de Lúcio (24,32%).

João é cassado

O prefeito João Estrela ficou pouco mais de dois anos no cargo, sendo cassado em abril de 2002. Com a saída de Estrela, Salomão Gadelha, assumiu o resto do mandato.

Ano de 2004

Para o pleito de 2004, o prefeito Salomão Gadelha teve como adversários o ginecologista José Célio de Figueiredo, mais conhecido como Doutor Zé Célio, estreante em eleições, e Lúcio Matos que retornou a disputa pela terceira vez, agora apoiado pelo grupo de João Estrela.

O médico conseguiu ter mais de 10% dos votos, mas a disputa ficou polarizada entre o prefeito e Matos, que conseguiu rivalizar a eleição, como pouco se esperava, vide as votações anteriores.

Salomão foi reeleito com pouco mais de mil votos de vantagem, ao atingir 15.426 (46,46%) dos votos, contra 14.096 (42,46%), de Matos.

Ano de 2008

Primo do ex-deputado federal e senador Marcondes Gadelha e do prefeito Salomão, André Gadelha foi eleito vereador em 2000 e vice-prefeito na chapa encabeçada por Gadelha em 2004. Após a saída de Salomão, André foi elevado a ser o candidato natural do grupo que dominava a cidade desde 2002.

No outro lado, se apresentava um empresário que era estreante na política e que conseguiu unir a oposição. Fabio Tyrone Braga de Oliveira, se apresenta como um jovem bem sucedido no ramo empresarial e com ambições na política de modo que inicia seu projeto de vida pública mirando a Prefeitura.

Para tentar destronar o clã Gadelha, Tyrone se aliou aos grupos de Lindolfo Pires e João Estrela, tendo como vice, a filha do ex-Prefeito, Johanna Estrela. A união das oposições foi o diferencial no pleito. Naquele ano se constatou a disputa mais acirrada até hoje em Sousa com a vitória de Tyrone por apenas 121 votos, 17.971 (49,97%), contra 17.850 (49,63%) de Gadelha.

Ano de 2012

Alegando motivos de foro íntimo, Tyrone desistiu de disputar a reeleição e decidiu indicar o deputado estadual e secretário do Governo Ricardo Coutinho, Lindolfo Pires.

Pires que estava em seu quarto mandato na Assembleia, continuou tendo Johanna Estrela como companheira de chapa, reafirmando a aliança com o grupo Estrela.

Estreante na politica sousense estava o candidato pelo PSOL, o líder comunitário Jota Cândido.

André, já como deputado estadual, consegue se unir ao grupo do Doutor Zé Célio, colocando o médico como seu companheiro de chapa.

Em mais uma outra eleição polarizada, Gadelha conseguiu vencer por uma margem mínima e retomar a cadeira de prefeito para a família, que havia perdido o ex-prefeito Salomão, em um acidente trágico no final de 2010.

André teve 18.780 (50,73%) dos votos, enquanto Lindolfo atingiu 18.029 (48.70%) e Jota Cândido 214 votos (0,58%).

Ano de 2016

Após desistir de disputar a reeleição no pleito anterior, Fábio Tyrone decidiu voltar a política amparado pelo Governador Ricardo Coutinho e tendo como vice, o presidente do PSD em Sousa, Zenildo Oliveira. Tyrone conseguiu reunir ao seu lado os grupos Estrela, Abrantes e o Doutor Zé Célio, companheiro de chapa de André em 2012, que rompeu com o Prefeito em apenas 5 meses de mandato.

Tendo a força do Governo e de toda a oposição ao seu lado, Tyrone conseguiu derrotar André pela segunda vez, dessa vez de uma forma mais tranquila que os pleitos anteriores.

Fábio alcançou 20.059 (52,93%), contra 17.836 (47,07%) do então Prefeito, aplicando uma vantagem de mais de 2 mil votos, impensada antes da eleição, pela polarização e equilíbrio entre os dois grupos.

Ano de 2020

O processo eleitoral de 2020 é atípico dado o número de candidatos a prefeito e da diferença de votos do primeiro para o segundo colocado. Naquele ano foram cinco os que buscaram o cargo de prefeito de Sousa.

O prefeito Fábio Tyrone concorreu à reeleição tendo como adversários o ex-deputado federal Leonardo Gadelha, o advogado Valdeci Filho, o servidor público Marcelo Elias e Pepeu.

Com 24.483 votos, Tyrone voltou ao comando da Prefeitura vencendo o segundo colocado, Leonardo Gadelha, com uma diferença de quase 15 mil votos – número jamais alcançado nas eleições de Sousa.

Tyrone 70,22% (24.483 voto), Leonardo 27,86% (9.714 votos), Valdeci 0,83% (3030 votos), Marcelo 0,60% (209 votos) e Pepeu 0,46% (159 votos).

Com Vitor Azevêdo/Polêmica PB

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Jucélio Almeida

Jucélio Almeida